Deus Não Pode Ser Onipotente E Ao Mesmo Tempo Onibenevolente!
Deus Não Pode Ser Onipotente E Onibenevolente!
Deus, o Mal e a Liberdade: Como a Onibenevolência e a Onipotência Podem Coexistir.
Um dos dilemas mais antigos e
perturbadores da filosofia e da teologia é este:
Se Deus é todo-poderoso e perfeitamente bom, por que o mal existe?
Essa pergunta, atribuída
originalmente a Epicuro e amplamente desenvolvida por pensadores como David
Hume e J.L. Mackie, sugere que a existência do mal torna impossível a
coexistência de duas características fundamentais atribuídas a Deus: onipotência
(poder absoluto) e onibenevolência (bondade infinita).
O raciocínio clássico segue mais
ou menos assim:
- Se Deus é onipotente, então Ele pode impedir o
mal.
- Se Deus é onibenevolente, então Ele deseja
impedir o mal.
- O mal existe.
- Logo, Deus não pode ser ao mesmo tempo onipotente e
onibenevolente.
À primeira vista, esse argumento
parece irrefutável. No entanto, ao olhar mais de perto, percebemos que há uma
suposição silenciosa por trás dele — e é justamente aí que está a falha.
Liberdade: A Ponte Entre o Bem e o Mal
O ponto que muitos ignoram nesse
dilema é a natureza da liberdade moral.
Liberdade verdadeira não é apenas
a capacidade de escolher entre sabores de sorvete ou caminhos profissionais. É,
acima de tudo, a capacidade de escolher entre o bem e o mal, entre
obedecer à ordem moral ou desafiá-la. Um ser moralmente livre deve ser capaz de
dizer "não" a Deus — não por ignorância ou confusão, mas por decisão
própria.
E é aí que o dilema se
reconfigura.
Se Deus deseja criar seres
capazes de amar verdadeiramente, de praticar o bem não por imposição, mas por
decisão pessoal, então Ele precisa criar seres com liberdade moral real.
Mas isso significa aceitar um risco inevitável:
A liberdade moral só existe se
houver a possibilidade real do mal.
O Mal Como Possibilidade, Não Como Contradição
Deus não criou o mal como uma
entidade ativa.
Ele criou a liberdade — e a liberdade, por definição, inclui a
capacidade de agir contra o bem.
O mal, nesse contexto, não surge
de uma falha divina, mas de uma escolha da criatura racional.
Tanto os anjos que caíram quanto o homem no Éden não agiram por ignorância —
agiram com consciência, desafiando a ordem do bem por autodeterminação da
vontade.
Isso significa que:
- Deus é onipotente, pois pôde criar seres
livres mesmo sabendo do risco.
- Deus é onibenevolente, pois decidiu conceder
liberdade, mesmo com o alto preço que isso poderia acarretar.
- O mal existe, não como criação direta de
Deus, mas como um subproduto inevitável da liberdade moral verdadeira.
E a Bondade de Deus Diante do Mal?
A verdadeira bondade de Deus não
se manifesta apenas em impedir o sofrimento ou eliminar o mal de forma
imediata. Ela se manifesta:
- Na paciência com o rebelde;
- Na oferta de redenção ao caído;
- Na justiça final que restaura a ordem;
- E no convite constante ao bem, feito a cada ser
humano, todos os dias.
Deus não é indiferente ao mal.
Mas Ele ama a liberdade mais do que odeia o sofrimento, e por isso,
permite que sejamos protagonistas de nossas escolhas — e também coautores do
bem, mesmo após a queda.
Conclusão: O Mal Não Invalida Deus — Ele Revela Sua Coragem
A existência do mal, longe de
negar a bondade e o poder de Deus, revela a profundidade de Seu projeto:
Um universo habitado por seres
livres, capazes de escolher o bem não por programação, mas por amor.
Se Deus tivesse criado apenas
criaturas perfeitas e incapazes de errar, Ele teria criado máquinas.
Ao criar seres livres, Ele aceitou o risco do mal — e com isso, abriu espaço
para um bem ainda maior:
O bem que nasce da liberdade,
do arrependimento, da redenção, e do amor que escolhe, entre
alternativas reais, aquilo que é bom.
Frase final para reflexão:
A liberdade é o solo fértil onde o mal pode nascer — mas é também o único terreno onde o amor verdadeiro pode florescer.

Comentários
Enviar um comentário
Olá amigo, seja bem-vindo!
Deixe aqui o seu comentário.
Obrigado