Obra prima: Seria isso o que antigos tentaram nos informar, Fractal Relacional?

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Retrato mitológico egípcio de Nut e Geb que relaciona o céu e terra a um organismo vivo: homem e mulher.


O Céu é um reflexo da Terra, e a Terra é um reflexo do Céu; ambos são expressões do homem.

 O universo inteiro se repete em camadas, e o que existe nas alturas encontra eco no que repousa abaixo.


O princípio que rege o todo é o mesmo: o Céu inspira, a Terra manifesta; o espírito fecunda, a matéria dá forma.



I. O Céu e a Terra no homem


No interior do homem, também há um Céu e uma Terra.

 O Céu é a mente, esfera dos pensamentos, dos ventos do raciocínio, das nuvens das ideias, do sol da consciência e do relâmpago da intuição.


A Terra é o coração — o solo fecundo das emoções, dos desejos, das dores e dos amores.


A mente, como o Céu, envia luz, vento e chuva sobre o coração; mas se o coração estiver seco, nada poderá germinar.

 Do mesmo modo, o coração pode conter as mais ricas sementes — sonhos, afetos, esperanças —, mas sem a claridade da mente, elas jamais florescem.

O homem só é inteiro quando seu Céu e sua Terra estão em comunhão, quando o pensamento ilumina o sentimento e o sentimento dá corpo ao pensamento.


II. O Céu e a Terra no casal humano


Na escala do amor humano, o Céu é o homem e a Terra é a mulher.

 Não como superior e inferior, mas como pólos complementares do mesmo princípio criador.

 Do homem vem a semente — o verbo, a centelha, o princípio que fecunda; da mulher vem o solo — o ventre, o corpo, a substância que acolhe e faz nascer.


Mas a fecundação verdadeira não termina no instante da concepção.

 O homem, como o Céu, deve continuar a irrigar a Terra com cuidado, abrigo, alimento, presença e amor.

 Ele não dá apenas o sêmen, mas o sustento; não apenas a vida, mas o caminho.

 Assim, o casal humano torna-se reflexo do mistério divino — o Céu que dá e a Terra que acolhe, unidos em amor que gera o novo.


III. O Céu e a Terra na humanidade


Numa esfera superior, o Céu é Cristo e a Terra é a humanidade.

 O Cristo derrama sobre o mundo as águas vivas do Espírito, a luz que guia e a palavra que fecunda.

 A humanidade é o solo que as recebe, o ventre coletivo onde germina o Reino de Deus.


Mas, como toda terra, o coração humano precisa ser arado:

 é preciso quebrar a rigidez do orgulho, arrancar as ervas daninhas do ego, remover as pedras do medo.

 Somente então a chuva da graça poderá penetrar e fazer brotar os frutos do amor.

 Cada gesto de bondade, cada perdão, cada compaixão é uma flor que desabrocha dessa comunhão entre o Céu do Cristo e a Terra da humanidade.


IV. O Céu e a Terra em sua escala divina


No ápice, o Céu é o próprio Deus — o Invisível, o Absoluto, a Fonte eterna.

 E a Terra é o Cristo — a manifestação visível, a carne do Verbo.

 Deus, sendo pura luz, manifesta-Se através do Filho, como o sol que se revela por seus raios.

 Cristo é a Terra divina, o corpo por meio do qual o Infinito se deixa tocar.


Deste modo, o movimento é contínuo e sagrado:

 Deus derrama-Se em Cristo,

 Cristo derrama-Se na humanidade,

 o homem derrama-se na mulher,

 e da mulher brota a vida que renova o mundo.

 É o fluxo eterno da Criação — do Céu à Terra e da Terra de volta ao Céu.


V. O Céu e a Terra no cosmos


Em outra esfera ainda mais vasta, o planeta é a Terra, e Deus — Pai e Filho — é o Céu.

 Assim, Deus é o Pai, e a Terra é a Mãe de todas as criaturas.

 O mesmo princípio que governa o homem e a mulher repete-se aqui em escala cósmica.


O fôlego da vida, o sopro divino, vem do Pai;

 a substância da existência, o corpo de tudo o que vive, vem da Mãe.


Do Céu desce o Espírito que anima, e da Terra surge a matéria que encarna.


Tudo o que respira é fruto dessa sagrada união:

o Céu que fecunda, a Terra que gera.


O planeta é, pois, um útero vivo, um seio que nutre e sustenta.

 Das entranhas da Terra brotam as flores, os frutos e os corpos, enquanto o Céu os envolve com luz e calor.

Sem o Céu, a Terra seria estéril; sem a Terra, o Céu seria sem testemunho.

Ambos juntos revelam o mistério de Deus como Pai e Mãe — princípio e forma, verbo e carne, espírito e corpo.


VI. O homem como ponto de encontro


O homem é o elo entre esses dois reinos.

 Em seu corpo, traz o pó das estrelas e o húmus da Terra;

 em sua alma, o sopro de Deus.

 Cada respiração sua repete o mistério da Criação:

 ao inspirar, recebe o fôlego do Pai;

 ao expirar, devolve-o à Mãe.


Ele é o altar onde o Céu e a Terra se encontram.

 Quando pensa com luz e ama com pureza, o homem cumpre sua vocação divina:

 ser o mediador consciente entre Deus e o mundo, entre o invisível e o visível.


VII. A harmonia universal


Em todas as dimensões, o mesmo princípio se repete:


No interior humano: mente (Céu) e coração (Terra).


No casal: homem (Céu) e mulher (Terra).


Na humanidade: Cristo (Céu) e povo (Terra).


No cosmos: Deus (Céu) e planeta (Terra).


Tudo se move segundo o mesmo Amor Criador,

 que é ao mesmo tempo luz e corpo, palavra e forma,

 sem o qual nada existe, nada cresce, nada se cumpre.


O Céu e a Terra não são opostos — são faces de um mesmo mistério.

 Quando o homem reconhece isso, ele deixa de viver em separação e passa a viver em comunhão:

 com Deus, com o mundo e consigo mesmo.


Conclusão


O Céu é o princípio que inspira;

 a Terra, o princípio que manifesta.

 Entre ambos, o homem é o fruto consciente,

 o ponto em que o Espírito toma forma e a forma se torna Espírito.


Assim, o cosmos inteiro é uma só família:

 Deus é o Pai, a Terra é a Mãe,

 e nós somos os filhos que unem o Céu e a Terra pelo amor.


Quando esta verdade se revela ao coração,

 descobrimos que o Paraíso nunca se perdeu — ele sempre esteve aqui, no encontro silencioso entre o Céu que habita em nós

 e a Terra que nós habitamos.

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