Coluna Bluetooth, bebeiras e Mulherada!

 Coluna Bluetooth, bebeiras e Mulherada!

Coluna Bluetooth, bebeiras e Mulherada!
A fuga da realidade

Não importa a hora do dia, o clima ou o dia da semana: eles estão lá. Alegres demais para quem não tem compromisso, despreocupados como se o tempo não os cobrasse, como se a vida não exigisse responsabilidades. Para eles, não há segunda-feira, não há sábado, não há distinção entre o trabalho e o lazer — porque, simplesmente, o trabalho raramente entra na equação.

A rotina gira em torno da próxima festa, do próximo churrasco, do próximo encontro regado a bebida e barulho. Em qualquer canto, lá estão eles: em grupo, quase como uma irmandade barulhenta, com a inevitável caixa de som Bluetooth, despejando música alta no meio da rua, a qualquer hora, como se o espaço público fosse uma extensão do quintal de casa.

A vizinhança?

Que se adapte.

O silêncio?

Um inimigo declarado.

Aqueles que não se integram ao círculo são rapidamente rotulados: "antissociais", "caretas", "reclamões", "inimigos da alegria". Reclamar do barulho é ser mal-humorado. Não beber com eles é ser antiquado. Não dançar ao som do kuduro estridente é falta de espírito jovem. A vida, para eles, é uma eterna celebração, ainda que às custas do sossego alheio e da própria estrutura familiar.

O copo de bebida virou extensão da mão.

O álcool, um companheiro diário — não mais um prazer esporádico, mas uma necessidade constante. A sobriedade, quase uma ameaça. Estar sóbrio significa encarar a vida como ela é: com problemas, contas, filhos, responsabilidades. E isso, eles evitam com afinco. Preferem viver sob o mantra do "deixa a vida me levar", ainda que essa vida esteja à deriva.

E o mais preocupante é que muitos ali são pais, mães, maridos, esposas. Pessoas com lares, com filhos que os observam, que crescem sem referências sólidas, sem noção de rotina, sem estrutura emocional. A festa constante se torna uma fuga — da realidade, da cobrança, das frustrações não resolvidas.

Não se trata de ser contra a alegria, contra momentos de descontração. Todos merecem momentos de descontração, sim. Mas quando o lazer vira estilo de vida, e a irresponsabilidade se veste de “liberdade”, do “viver intensamente”, estamos diante de uma geração que foge da realidade, uma sociedade adoecida, que confunde liberdade com descompromisso, alegria com alienação — e, pior, arrasta consigo os que vêm atrás, os filhos, os pequenos observadores.

O barulho excessivo, o culto à bebedeira diária, a negligência com os próprios — tudo isso não é sinônimo de felicidade. É, muitas vezes, um grito abafado de vazio, uma tentativa desesperada de silenciar o incômodo do que não se quer encarar.

E não há distinção de género — há "drena" para todos. Homens e mulheres, jovens e até os mais velhos, todos mergulhados na mesma vibração desenfreada. Já não é mais apenas um comportamento urbano. O que está na cidade, também já é realidade no campo. Os hábitos e estilos são transferidos quase que instantaneamente, num piscar de olhos.

E se alguém ousa se incomodar ou desejar um pouco de paz?

A resposta vem rápida, com desdém e zombaria:
“Não suporta a vibe?

Vá pro mato velho e compre uma fazenda só pra ti!”

E, veja só, nesse sarcasmo há uma verdade profunda: eles estão, sem saber, testificando com o Criador que o retorno à vida campal se tornou uma necessidade urgente.

O campo, antes visto como exílio ou castigo, hoje ressurge como refúgio para quem anseia por equilíbrio, por sobriedade, por um ritmo de vida que permita refletir, crescer e viver com propósito.

O álcool diário, o barulho constante, a negligência dos lares — isso não é felicidade. É fuga. É grito de socorro disfarçado de festa.

A juventude vibra, dança, festeja, mas se esquece que o vigor tem prazo. A Palavra de Deus adverte:

“Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade. Anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos. Mas sabe que por todas estas coisas Deus te trará a juízo.”
Eclesiastes 11:9

A juventude é o tempo da semeadura. E quem planta vento, colhe tempestade.

Que cada um considere: que tipo de sementes estamos lançando hoje?

Porque o amanhã, inevitavelmente, virá — e com ele, a colheita.

Criador abençoe.

Comentários